The real RIO I love!
A escritora Nilza Rezende, gentilmente me convidou para participar do projeto de um livro bilíngue sobre o RIO DE JANEIRO com depoimentos de pessoas de diversas áreas. Deveríamos responder a seguinte questão: O que faz você mais feliz no Rio?
Transcrevo,abaixo, o meu preview.
Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça é a minha cidade, que vem e que passa, a caminho do mar. Mar azul, céu azul, o Rio é alegre, bem humorado, divertido. Qualquer percurso que eu tenha que fazer – a pé ou de carro – ele me leva, de mãos dadas, pela beira da praia. Se for mais longo não importa, pois sua beleza exuberante deixará minha alma mais feliz. E eu sinto o Rio a meus pés...
Rio do corpo dourado, do sol de Ipanema. Meu bairro é mais que um poema. É nele que moro e trabalho; ando na Lagoa de bicicleta, tomo um coco verde ou descanso num quiosque para admirar o pôr do sol; bebo um suco no Polis ou um expresso no Armazém do Café, para depois comprar livros e CDs na Livraria da Travessa. Ah, e não esqueço os cartões divertidos do Papel Craft para acariciar os amigos do Rio.
A tradição carioca das varandas sombreia a refeição leve compartilhada em grupo, numa gama de opções. Mas a dois, preferimos apenas comprar um bom vinho na Expand e então... Para comemorar os meses de namoro, o Rio me presenteia com a sofisticação dos inúmeros restaurantes do Leblon.
Nos fins de semana nosso prazer é excursionar pelo Centro revitalizado. O percurso já nos proporciona um agradável passeio pelo belo aterro do Flamengo: juntos, apreciamos a exuberância dos jardins do Burle Marx; a leveza sóbria que Marcos Konder imprimiu no Monumento aos Pracinhas; a imponência do MAM com sua estrutura delgada sobre o amplo vão, projeto do inesquecível Affonso Eduardo Reidy. São todos exclusivos, me aponta o Rio orgulhoso.
E então nos perdemos, apreciando as ótimas exposições, reunidas num pequeno raio, para que possamos percorrê-las a pé (como é gentil o meu Rio): Paço Imperial, Centro Cultural Banco do Brasil, Centro Cultural Correios e Casa França-Brasil.
À noite, um balé ou concerto no nosso Teatro-mor: o Municipal. Ou, quem sabe, uma ida à Lapa, porque o bom samba não tem lugar nem hora. Adoramos seus arcos, a Rua do Lavradio e suas antiguidades expostas, este bairro boêmio e “carioca da gema”. Se todo mundo sambasse, seria tão fácil viver!
Gosto de ver, você no seu ritmo, dona do Carnaval. Assistir ou desfilar, eis a questão. Na dúvida, escolhi as duas. São sensações distintas, imperdíveis, eu diria. E entre a Mangueira e a Portela... Não resisti ao conhecer o príncipe Paulinho cantando “Ah, minha Portela...”. Senti meu coração apertado, e o azul uniu-se ao verde e rosa das rosas do Cartola que até então eram meu único delírio. “As rosas não falam, simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti, ai.”
Rosas... rosas... rosas... e tantas outras flores, com suas cores e perfumes, espalhadas pelas praças a espera do seu dono. E ainda há o orquidário do Jardim Botânico, onde um café da manhã nos aguarda antes da visita. O Rio, atencioso que é, me proporciona este carinho. Cariocas são bonitos, cariocas são bacanas, cariocas são atentos...
...cariocas são tão sexys, cariocas são tão claros, cariocas não gostam de sinal fechado. É verdade, pois tenho pressa para correr a minha única maratona anual: o Festival de cinema do Rio. Estação Ipanema (óbvio!), Estação Botafogo, Espaço Unibanco, Odeon – são estes os meus favoritos.
Só o Rio é capaz de oferecer ateliês “de portas abertas” como em Santa Teresa, ou um espaço cultural, onde também se estuda cercado por jardins bucólicos – o Parque Lage.
Cidade linda, mais que demais, você me faz feliz. Onda do mar do amor que bateu em mim. E eu nunca mais deixei de lhe amar!
Para o meu Rio de Janeiro, fevereiro e março...e todos os outros meses do ano, aquele abraço!
P.S. Obrigada aos compositores (nem todos cariocas, porque não somos preconceituosos) que me inspiraram este texto: Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Cartola, Dorival Caymmi, Adriana Calcanhoto e Gilberto Gil. |