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O espanhol Marqués de Riscal x o chileno Eso
Por Ignez Ferraz
Contraste x Integração arquitetônica


Diálogo e contextualização são as duas palavras que mais ouvimos hoje num (de/em)bate sobre arquitetura. Mas dependendo do ponto de vista, estes termos podem ser usados para conceituar opiniões antagônicas. Mas afinal, a arquitetura é como a vida onde, dizem, “os opostos se atraem”? Ou deve conviver em harmonia com seu entorno?


CONTRASTE



Inaugurado em 2006, este Hotel na região de Rioja possui apenas 43 quartos, numa escala muito menor do que Gehry costuma projetar.
Os clientes desejavam para esta “Cidade do Vinho” um château do séc.XXI, com ar futurista, visível de todo o vale. O arquiteto concluiu que o elo entre o velho e o novo seria a solução de impacto.



Em matéria de contrastes arquitetônicos, o americano Frank Gehry é um bom exemplo. Mas apesar da ousadia das suas peles de titânio retorcidas, já expandiu a fórmula mágica de Bilbao à outras cidades, como no HOTEL MARQUÉS DE RISCAL, onde as emprega coloridas pela primeira vez.


Apesar dos vinhedos conterem estruturas históricas como uma igreja medieval, Gehry não pensou em comungar com os projetos existentes, como o fez com o D.G. Bank em Postdamer Platz, Berlim, onde reproduziu, inclusive, as proporções do vizinho Hotel Adlon. (Será que ele assim o fez apenas porque estas eram as regras rígidas exigidas? Tirem suas próprias conclusões lendo Janelas de Berlim).


O entrelace com a Igreja determinou a escolha dos materiais, como a pedra espanhola cor de areia. A mudança na incidência dos raios solares também influencia sua coloração e tem sido um recurso muito utilizado na arquitetura contemporânea (vejam outros exemplos em Arquitetura de Exportação).



A ilusão do movimento é muito mais forte nas canoplas de titânio, que simbolizam uma dança flamenca. A homenagem aos vinhos se dá através do uso das cores vermelha e dourada, em folhas mais espessas, mas com superfícies suaves.


Curiosidade: Na inauguração do Hotel, foi ofertada, a cada convidado, uma garrafa de 1929, ano do nascimento de Gehry


INTEGRAÇÃO



Nesta paisagem lunar, a arquitetura de Franz Auer e Carlo Weber assume uma presença etérea onde recortes ritmados se alternam com vãos maiores de vidro, para captação da luz.


O HOTEL ESO (1998-2002) possui 12.000 m² e está situado a uma altitude de 2.400 m na zona montanhosa do deserto de Atacama, no Chile. Ele presta serviço aos engenheiros e cientistas que trabalham no VLT (Very Large Telescope), o telescópio mais poderoso sobre a Terra.


Como a região oferece condições climáticas extremas (luz intensa solar, aridez, ventos fortes, grandes oscilações de temperatura), os arquitetos alemães Auer + Weber optaram por criar um espaço de relaxamento, com áreas de lazer como piscina, ginásio e biblioteca servindo os 120 quartos.


Localizaram o hotel numa depressão natural do solo, permitindo apenas que a cúpula de 35 m de largura se elevasse, sobre o salão central, acima da linha do horizonte. A intenção de tamanha integração (inclusive na escolha da tonalidade do revestimento) foi oferecer simultaneamente um refúgio e observatório da natureza circundante.



Dentro do aspecto de desolação envolvente, os arquitetos optaram por fazer do céu e da terra o grande espetáculo.


Sobre o tema dos "Opostos na Arquitetura" leia também:
Arquitetura de Exportação – SIM ou NÃO?
RENZO Kubrick PIANO
 
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