A fruta fugiu de mim, passei seca.
Na verdade, eu é que fugi da fruta e saí de mim...
POMAR, de Solange Casotti
O casal Gui e Sol me envolvendo em reunião chez Padilla. Aqui no site eles se entrelaçam em Ventanias.
Foi na casa do meu amigo Roberto (já citado em É Carnaval e em Walter e Hilal, quando comentei que ele só conhece “papa fina”) que encontrei a simpática e inspirada poeta Solange Casotti. Contou-me com entusiasmo sobre seu novo livro – “TECTÔNICAS” a ser lançado em coletânea com outros poetas, como a grande Elisabeth Veiga.
Não é singelo o nome das séries – “Canto do Bem-te-vi”?
Solange é de Cachoeiro de Itapemirim – terra do seu marido-pintor-chef Guilherme Secchin, que acaba de expor em Fortaleza (Nota) e do Roberto Carlos, claro! (Bem, também é quase a terra do meu pai – leiam Vitória Luxuosa). Bonita, agradável, simples e sensível (estou descrevendo suas poesias ou ela própria?). Transcrevo algumas delas em primeira mão e vocês mesmos tirem suas conclusões:
VIDA SELETIVA
A desobstrução de pilares inclui: canais lacrimais, vias respiratórias e digestivas. Abarca tentativas, tonteiras, espasmos.
Um dia, saem os entulhos. Tiramos feito capacete, afrouxando a pressão do cerebelo.
– comportamento estranho – ao lado comentam. Mal sabem, tratar-se de alívio, desconstrução de dotes rejeitados.
Onde era ermo, inócuo e tenso, principia o verbo, aparece força.
Mágicos, alcançamos a dádiva de conduzir e fluir, sem estratagemas.
ROSAMUNDI
Flui do jeito que pode, foi emitida a passagem conectado o fio do destino que pode ser esquecido.
Não hesita em optar, tecer a linha do tempo na beira de um sonho com muros, abismos, escadas.
Desbloqueando a fome ímpar de caminhar na angústia do contra-senso
Azedo Ácido
Rosebud Rosamundi
JANELA DA ALMA*
A pessoa se mostra pelo nariz e pelo olhar. O olhar se mostra pelo nariz e o que enxerga é a testa. A testa é a visão que se põe, ovo enrugado do que cresceu, estampou amadureceu.
*Em Janela da Alma, documentário de João Jardim e Walter Carvalho, 2002
LIÇÕES DE ABISMO*
Cansaço aperta músculos estúpidos que recebem toda carga.
A força não se distribui. Cai chão, roda pião, “lições de abismo”.
É preciso inventar nova forma de ser.
Caber no tamanho da fome e da gentileza.
Refletir o sentido puro do tempo. Lembrar a palavra exata do momento.
“O desejado existe, existir basta.”
*Em Lições de Abismo, pág.19, Gustavo Corção, Ed. Agir, 1962
Nota: Não vou publicar fotos da última exposição do Gui para vocês não acharem que ele é MUITO protegido (é só um pouco!). Afinal, ele já aquarelou LIZZE, desenhou amorosamente no final de Luz dos olhos, cozinhou no Guimas e dançou flamenco na abertura da Espanha.
E-mail emocionado da SOL
Querida Ignez, genial! Amei, nossa, obrigada!
Beijos, Sol. |