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FILM & ART
Por Ignez Ferraz
SOMBRAS DE GOYA


“Sombras de GOYA” (Goya’s Ghosts), do diretor e roteirista Milos Forman (“Amadeus”) - há sete anos sem filmar - foi lançado no Festival do Rio 2007. A estréia mundial ocorreu na Espanha, no dia 10 de novembro de 2006.



Trinca magnífica de atores: Stellan Skarsgard ("Dogville", “Dançando no escuro”, “Ondas do destino”) no papel-título. Javier Bardem ("Mar Adentro", “Antes que anoiteça”, “Carne trêmula” – atualmente filmando com Woody Allen) viverá um monge sinistro, irmão Lorenzo. E a linda Natalie Portman (“O profissional”, “Closer”, “Free Zone”) - comentada em Imensidão azul - será Ines, amor de Goya.


Em 1999, outra película me emocionou, ao retratar o mesmo artista: GOYA de Carlos Saura. No universo poético deste cineasta, as relações entre cinema, música, literatura, dança e artes plásticas sempre se impõem, e este filme não constitui exceção. Escrito e dirigido pelo principal cineasta dos entrelaces artísticos, aborda os últimos dias da vida do pintor, através de cenas-lembranças de alguns de seus mais importantes quadros.
Três anos antes, o inglês James Ivory não havia demonstrado sensibilidade ao retratar outro gênio da pintura espanhola em Os amores de PICASSO - apesar de contar com excelentes atores como Anthony Hopkins e Julianne Moore. (Leiam Roteiro de analogias para apreciarem obras e comentários sobre os artistas citados)


Com sua visão peculiar da imagem, um outro espanhol - Luís Buñuel - parceiro de Salvador Dali (integrante do movimento surrealista e co-autor de “O cão andaluz”), contribuiu para a história do cinema e da própria arte, ao transportar para a tela os mesmos princípios plástico-pictóricos da vanguarda artística. O “Anjo Exterminador” (1962), filme apocalíptico da fase mexicana do cineasta, é minha referência obrigatória, como mencionado em B&P.


VIDA & OBRA & VICE-VERSA


E por falar em México... Salma Hayek realizou com FRIDA (Nota 1) em 2002, o sonho que acalentava desde os 12 anos. A bela atriz e produtora transpira emoção ao retratar a dor da corajosa pintora. Quadros e cenários se confundem neste universo repleto de cores, tão caros à cultura destas duas artistas (como nas edificações dos já citados arquitetos Legorreta e Barragán em Profissão: Arquiteto).



A musa ”feinha” Frida Kahlo, inspiradora da “bonitona” Salma Hayek. Não foi à toa que Adriana Calcanhotto cantou:
“Eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que eu não sei o nome. Cores de Almodóvar, cores de Frida Khalo...”



Na minha lista de interseções artísticas visuais, não poderia faltar o ótimo Ed Harris, que dirige e estrela a cinebiografia de Jackson POLLOCK (2000), polêmico representante do expressionista abstrato americano.


Mas nada me marcou tanto quanto CARAVAGGIO (Nota 2) sobre o mais controverso – e a meu ver, o melhor - pintor do séc. XVII da Renascença Italiana.



“Menino com cestas de frutas” de Caravaggio.



O ator Dexter Fletcher como Caravaggio jovem.


"Caravaggio foi o pintor que inventou a luz cinematográfica. As figuras dos seus quadros tridimensionais parecem habitar quartos escuros, iluminados por uma luz única muito forte"
, escreveu Derek Jarman (inglês multimídia) nas notas publicadas sobre o filme de 1986 que dirigiu sobre a vida e obra do artista (Urso de prata do festival de Berlim como “Melhor Realizador”).


Jarman utilizou os quadros do pintor para conduzir sua história. Quer dizer, quadros “vivos” dele, numa visão dos bastidores do seu processo de criação, com atores pousando, iluminados por focos de luz estrategicamente colocados, além de outras cópias perfeitas dos quadros da National Gallery.



“São Jerônimo” de Caravaggio e o artista Michael Gough no papel do Santo.


Ele concebe Caravaggio como um homem de paixões intensas (um “menino-mau” da aristocracia italiana que escandalizou a ordem estabelecida com as suas pinturas eróticas de Santos nus. Usava como modelos jovens marginais e homossexuais como ele e Jarman – que morreu de AIDS em 1994) através de um trabalho de câmara complexo. Levou sete anos para preparar o filme e rodou-o em apenas cinco semanas.



“Morte da Virgem” de Caravaggio e Tilda Swinton como Lena, sua bela amante.


Peter Greenaway - também artista plástico inglês - é outro diretor que valoriza esta relação. Os planos de seus filmes são pensados para que sejam feitas alusões a momentos específicos da história da arte. Vide a forte lembrança estética-visual “renascentista” na “Barriga do arquiteto” (1987), e da presença “barroca” em “O cozinheiro, o ladrão, a mulher e o amante” (1989).


Não é de hoje que estas duas importantes artes visuais – pictórica e cinematográfica - se interligam. Na minha lembrança, Agonia e Êxtase (1965) seria o precursor, embora não possua o nome do artista retratado no seu título - MICHELANGELO. Com Charlton Heston e Rex Harrison, trata-se de um fantástico drama da luta por trás de uma das maiores obras-primas do mundo – a Capela Sistina.


PICTÓRICOS


Já em outras produções o título faz referência a uma obra específica, como “Moça com brinco de pérola” (2003), filme livremente inspirado no quadro homônimo de VERMEER. (Vejam como Walter Goldfarb homenageia este artista em suas obras bordadas)



Também conhecido como “Moça de turbante” (1665), este famoso quadro do pintor holandês Vermeer originou a composição da incrível Scarlett Johansson para o filme “Moça com brinco de pérola”.
(Leiam comentário sobre ela nos filmes de Woody Allen).



E quando o título se refere a um quadro clássico, mas a história transcorre nos dias atuais? Aaah, tipo “Venus”? Sobre esse filme vocês terão que acessar o ART BLOG onde discorro sobre todas as mais famosas Majas y Venus da História das Artes.


Nota 1- Para comemorar os 100 anos de nascimento de Frida Kahlo (Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón em 6 de julho de 1907) a cidade do México preparou a maior retrospectiva que já houve sobre sua obra. A artista, que em vida mereceu apenas uma exposição em 1953 (um ano antes da sua morte aos 47 anos), tornou-se Cult, com eventos comemorativos dos Estados Unidos ao Canadá, da Espanha à Alemanha.




No “Palacio de Bellas Artes” estão sendo expostos cerca de 350 itens entre pinturas, desenhos e objetos pessoais como cartas, roupas e fotografias, representativos desta “persona” kitsch, com pitadas de realismo e simbolismo.


Nota 2 – Caravaggio (1571-1610) foi o artista que desenvolveu a técnica do chiaroscuro (intensificando o “oscuro” - sombras – e colocando luz sobre os personagens centrais, para realçar sua realidade psicológica). Suas inovações sobreviveram à sua morte, tendo forte influência sobre o Barroco e nomes como Vermeer e Velázquez. Porém, dentre seus seguidores – os chamados Caravaggisti - destaco dois que sempre me emocionaram: o holandês REMBRANDT (1606-1669) e o francês Georges DE LA TOUR (1593-1652).



Rembrandt - Philosopher Meditation



De La Tour - St.Joseph
 
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