Como a viagem até Pequim é muito longa, preferimos respirar um dia na cité-lumière-de-mon-coeur para conferir as novidades. A primeira parada foi para admirar a “instalação-interferência” antropomórfica do nosso craque Ernesto Neto (para quem não está ligando o nome à obra, é só lembrar do cenário do penúltimo show da Marisa Monte) no Panthéon.
Na entrevista em vídeo (nota), o artista nos fala da simetria da nave que inspirou o traçado (marcado no piso) dos braços do “monstro espacial” Léviathant Thot; na sua busca pelo equilíbrio de forças entre gravidade e matéria, representadas por estruturas suspensas (poliestileno x tule de lycra) presas ao duomo deste monumento histórico; no prazer de trabalhar com costuras e nós, que para ele soam como poemas; na sensualidade, na dança, no ritmo dos pêndulos cujo título também é sonoro: ...thant thot, ...thant thot,...thant thot,...
Na verdade, qualquer tentativa de narrativa é “menos”, diante do impacto que a beleza monumental desta exposição nos fala (e cala):
Olá, eu adorei!
Em seguida fomos conhecer o resultado (positivo!) da reforma do Orangerie, que abriga as Ninféias (Les Nymphéas en français, Water-lilies in english) desde 1921, quando o próprio Monet (leiam também "De Brumas e Névoas") escolheu este Museu para acomodar seu maior trabalho, no qual dedicou sete anos para sua versão final. “Estas paisagens d’água com seus reflexos tornaram-se uma obsessão”, dizia ele.
Claude Monet perto do lago de ninféias, fotografado por Jacques Émile Bulloz no verão de 1905.
Com o surgimento de espaços exuberantes como o Beaubourg e o Musée d’Orsay, este pequenino museu parecia fadado ao esquecimento (sua última reforma datava de 1970). Pierre Georgel (diretor desde 93) contratou o arquiteto Olivier Broche (“carequinha” como Jean Nouvel) para ampliá-lo, com a criação de um subsolo, que abriga as coleções - impressionistas e pós - de Jean Walter e Paul Guillhaume.
Maquetes das quatro reformas sofridas pelo Museu desde sua inauguração. O Orangerie - em frente ao Louvre e ao lado do Jeu de Pomme – surgiu em 1860, no reinado de Napoleão III
Esta última restauração teve inicio em 2000 e foi concluída na primavera de 2006. Vim logo conferir!
Novas esquadrias fornecem maior luminosidade ao interior.
Entrada para as Ninféias no térreo todo branco e para as coleções no novo subsolo, com paredes de várias tonalidades.
O projeto apresenta uma beleza austera e serena, em harmonia com a vocação do Orangerie: escala humana, consideração pelas obras de Arte. As Ninféias voltaram a ser banhadas pela luz natural nos seus dois salões ovais entrelaçados, que transmitem uma idéia de infinito.
Salões ovais 1 e 2 das Ninféias em 360 graus.
Nota: Abaixo, fotos da montagem.
Equipe costurando...
... e içando.
Ernesto experimentando...
...o resultado final
P.S. Já o restaurante Georges, no topo do Centro Pompidou, me decepcionou pela sua má conservação. Para quem quiser saborear aquela vista deslumbrante de tout Paris, o truque é sentar-se no terraço ao ar livre, aproveitando o belo pôr-do-sol destes dias amenos e luminosos. A bientôt!
E-mails recebidos:
Ignez, Adorei o ver o Ernesto e a Orangerie reformada; linda! Um abraço. Manfredo de Souzanetto
Oi Ignez, que bom ter noticias suas. Adorei seu texto, as fotos e, claro, o trabalho do Ernesto. Beijos. Silvia Negreiro
Oi, Ig Essa instalação do EN é, realmente, um espetáculo!!! - q bom q v. viu in loco. Beijo, Roberto Padilla/ Artepadilla
Maravilha querida Ignez!!! Belas fotos e materias! BRAVO!!! Espero que ainda esteja em Paris!!! Eu enviei o convite para a minha exposição ANIMA na 1ere Station Palais Royal, Louvre! Pena que não compareceu, pois foi uma festa, Consul Brasil Miriam Daueselberg e mãe... Luc Simon, padrasto de Paloma Picasso, Anny Claude Basset...Patricia Secco, muitos amigos, Ricardo e Iam....2OO pessoas lindas....cocktail impecável, piano ao vivo... Se ainda estiver aqui, me LIGA!!!:
Mil beijos, Susi |