Munique é conhecida pelo seu centro histórico, pois conserva muito do tecido medieval intacto. Mas não poderíamos jamais dizer que foi congelada no tempo.
Pinakothek der Moderne (arte moderna e contemporânea) é a mais recente da série de Pinacotecas de Munique, depois da Neue Pinakothek (arte do século XIX), e da Alte Pinakothek (séculos XIV a XVIII). Totalmente democrático, cada um pode visitar a sua favorita.
Pinakothek der Moderne, projetada pelo alemão Stephan Braunfels em 2002. Apesar do revestimento em concreto aparente, o arquiteto conseguiu transmitir leveza, utilizando pilares super delgados - uma delicada interpretação contemporânea do clássico pórtico de entrada.
Quanto as Artes, fico na dúvida entre a Neue e a Moderne, mas em matéria de Arquitetura, nem preciso dizer qual a minha favorita...
A grande rotunda da Pinakothek der Moderne conjuga a distribuição das 4 partes do edifício, cada uma dedicada a um dos temas abordados pelo museu: arte, arquitetura, design e trabalhos em papel (croquis, estudos e outras manifestações reunidas em uma miscelânea do século XV aos dias de hoje).
Pois é, nem só da Oktoberfest vive esta cidade, mas também da excelência da sua arquitetura! Já na década de 70, com o Olympia Zentrum de Frei Otto (para mim uma das melhores instalações esportivas mundiais, totalmente à frente do seu tempo), esta cidade alemã se destacava. Nem mesmo hoje poderíamos afirmar que seus projetos estão aquém das super-estruturas do engenheiro-arquiteto espanhol Calatrava (vejam seu Museu de Milwaukee em "Acertando na MIRA" e a construção do "turning torso" em Suécia). Apreciem a leveza dos traços:
Olympia Halle, Frei Otto
Estádio Olímpico, Atenas, Calatrava
Olympia Zentrum, Frei Otto
Eixo peatonal, Atenas, Calatrava
Obs. Atenção para as datas: o projeto de Calatrava para Atenas é de 2004 enquanto o de Frei Otto para Munique foi construído para as olimpíadas de 1972 (aliás, quem viu o ótimo filme “Munique” de Steven Spielberg com o excelente Eric Bana?)
Outra obra imperdível é a Igreja Herz Jesu de Allman Sattler Wappner, 1996-98, já citada várias vezes no site. Mas aqui vai um ângulo inédito do grande órgão:
Chegamos bem na hora do ensaio, que sorte! Este é um belo exemplo de “box in the box in the box”: pele de vidro, membrana em madeira e caixa acústica.
Não resisti e mostro ainda outros detalhes:
A coloração azulada do exterior (simbólica e contemporânea como vocês podem admirar nas novas peles de vidro) vem da estampa serigrafada de pregos, que se repete, em “positivo-negativo”, formando uma enorme cruz nas gigantescas “portas” que se abrem para o largo em frente à igreja. Admirem-nas (além de outos detalhes internos) no ARTIGO Profissão: Arquiteto 1 - INVISTA!
“Nave lateral” ou interstício entre a “caixa” de vidro e o interior de madeira. Aliás, o jogo de contrastes entre os materiais - quente x frio e opacidade x transparência - é genial.
Agora, não poderia deixar de visitar outro templo - o dos esportes!
Allianz Arena, Herzog & de Meuron, 2005
Nem preciso lembrar quem são os favoritos do site. (Vejam seus outros projetos em Tóquio veste Prada, Modernismo Gótico e Inverno Verde) As almofadas de ETFE (também usada no Water Cube construído para Pequim 2008) da arena possuem um gás que pode ser iluminado nas 3 cores dos times da Baviera (azul, vermelho e branco), mudando seu aspecto dependendo de quem está jogando.
FC Bayern
TSV 1860 (a data é do ano de fundação do time)
É lógico que não perdemos a chance de assistir um jogo do Bayern, pela Copa da UEFA...
E, por último, mas não menos interessante, o mais novo grande projeto na cidade, bem ao lado do Olympia Zentrum: a BMW Welt. Vitrine das novas tecnologias, dos mais modernos automóveis e de todo o poder da empresa, ainda possui uma instigante (des)construção.
Em fevereiro foi selecionada como “Landmark of 2008”, parte da iniciativa “Germany – Land of Ideas”.
Obs: Essa é uma iniciativa que tem como objetivo destacar inovações que mostrem a Alemanha como uma nação de ciência e cultura, premiando desde chuteiras às mais criativas impressões de livros.
BMW Welt, Coop Himmelb(l)au, 2007. O projeto foi selecionado em um concurso internacional para a execução de um marco para a famosa fábrica automobilística. Com linhas arrojadas (tudo a ver com velocidade e automobilismo) e um “ar” meio Bilbao (conheçam o "Marquês de Riscal", também de autoria de Frank Gehry), o edifício conseguiu se destacar com elegância do seu entorno fabril .
Obs: Uma curiosidade sobre o nome desse escritório (austríaco): himmel, em alemão, significa “céu” e blau, “azul”, mas com o trocadilho entre parênteses temos bau que significa “construção” – muito apropriado!(Vejam seu projeto "Asa ardente" pelo qual ficaram famosos em Arquitetura de Exportação)
A hipérbole retorcida, ou duplo cone, como é conhecido, é um dos destaques. Esta é a área de exposições das inovações em matéria de performace e design da BMW. Um show por dentro e por fora.
Assim como em Berlim, temos a presença marcante do vidro, funcionando aqui para revelar tanto as "beldades" expostas no interior da loja, quanto para fornecer ao visitante abundante iluminação natural, através de vasta integração com o exterior: o deslumbrante Olympia Park. Projetado de maneira muito inteligente - só mostra o que é bonito de se ver - serviços e garagens se localizam na fachada opaca voltada para a grande avenida.
Outro destaque é a passarela, que, vindo desde o outro lado da grande avenida, passa pelo duplo cone e perfura a pele de vidro do edifício, nos conduzindo ao interior e orientando para a loja de cima.
Se a intenção destes alemães era produzir um marco, acho que conseguiram! VÁRIOS!
Tabitha von Krüger é apaixonada pela arquitetura alemã, especialmente a obra de Daniel Libeskind , além de ser meu "braço-direito". Querem saber como conseguiu o cargo? Com CR acima de 9, domínio absoluto dos programas computacionais e, principalmente, amando Drummond tanto quanto eu. Quem se habilita?
Nota Ignez: O artigo sobre Libeskind está sempre bem posicionado no nosso ranking, disputando palmo a palmo com o texto sobre o Museu Judaico (principal projeto do arquiteto), redigido pelo Fabio. Bem, meu filho também tem dupla origem alemã (descubram na minha biografia uma dessas vias) e escreveu ainda Janelas de Berlim, fascinado pela efervescência desta cidade em reconstrução. Como Berlim está “na moda”, estes textos tanto já foram reproduzidos em revistas como “Escala” e “Vidros & Cia”, como serviram de tese para a Faculdade de Letras e Ciências. Dupla honraria! |