Diamonds are forever
Percebemos que as curvas orgânicas que imperaram nos últimos anos vêm sendo lapidadas por retas tangentes, como vocês já devem ter notado nos lançamentos de automóveis.
No showroom do carro Lexus, a tendência era compartilhada pela poltrona “Elastic Diamond” by Nendo, projetando uma imagem futurística, conectada à velocidade, leveza, mas durabilidade.
ANTECEDENTES
Não é de hoje que os diamantes nos fascinam.
Harry Bertoia - Cadeira “Diamond”, 1952. Continua sendo referência até hoje - tanto sua forma quanto sua trama nos remetem à estrutura da pedra tão preciosa.
Este “efeito diamante” está contaminando todas as áreas – da arquitetura à moda, passando pelas artes e objetos. Será influência da “toda poderosa” Swarovski?
A instalação “Eternal” no stand da Swarovski foi concebida pelo badalado Tokujin Yoshioka, projetista da Cassina, Driade, Kartell e Moroso.
IDEIAS BRILHANTES
“Como um brilhante que partindo à luz Explode em sete cores Revelando então os sete mil amores...” (Escuto “Luiza”, do genialíssimo compositor e maestro Jobim, enquanto busco o TOM certeiro para este artigo)
A obra “Veil” de Paul Cocksedge consiste em uma cortina de cristais que, vista através de um espelho convexo, nos revela uma imagem oculta a olho nu – a “Mona Lisa”.
Outra 'toda poderosa', a arquiteta iraniana Zaha Hadid, desenhou para eles uma luminária cravejada de brilhantes.
O candelabro “Ré” permite diversas leituras dependendo do ângulo em que é visto. Sua escala é i-men-sa, muito maior do que o sofá “Scoop”, concebido pela mesma arquiteta para Sawaya & Moroni. (Reparem também como seu design é semelhante a sua arquitetura em Profissão: Arquiteto – INSISTA!)
Dourado é cor em voga, por nos lembrar jóias. Tanto que prata e ouro também foram os acabamentos especificados para utensílios diversos.
Para Sawaya & Moroni, centro de mesa de prata “Tissue”, de Jacob + Macfarlane;“Grid Vase” de Jaime Hayon (outro designer marcante nesta Feira) para Gaia & Gino.
Estas criações multifacetadas marcam presença tanto na forma, quanto na trama da estrutura ou no seu revestimento.
FORMAS POLIÉDRICAS
Poltronas Dino de Wettstein para Maxidesign. (Reminiscências da Família Jetson?)
Pesquisas tecnológicas foram utilizadas nesta nova formatação, como o plástico ultradur high speed, proveniente (adivinhem!) da indústria automobilística.
O alemão Konstantin Grcic inovou com a cadeira “MYTO – cantilever” (pés que suportam o corpo, como a cadeira “Panton” de Verner Panton na década de 60) para a BASF. Notem sua estrutura 'chanfrada'.
Mas se vocês estão imaginando que só materiais sofisticados e de alta tecnologia se aplicam a esta estética, estão enganados – ela ‘pescou’ até mesmo os reciclados!
A Cappellini apresentou uma linha eco-sustentável chamada “cappellini love”. As mesinhas acima foram feitas de papel reciclado de revistas e jornais. O conceito de Stephen Burks, o designer indealizador, é empregar o maior número de pessoas através da produção manual.
“Diamantes são os melhores amigos das mulheres” (mesmo?) é o título que a irreverente francesinha Matali Crasset concebeu para sua lanterna-luminária com ares retrô, executada com metal chinês.
“Diamonds are a girl's best friend 1” de Matali Crasset para a Meta e “Rontonton” de Edward Van Vielt para a Moroso – formas lapidadas.
Enquanto isso, na Moda...
Bolsa “Yuki” de Setsu + Shinobu ITO para a Sawaya & Moroni. (Ué, esta firma não era de móveis? Pois é, quando digo que Moda e Design estão cada vez mais unidos...)
TRAMAS DIAGONAIS
Alberto Meda sofisticou sua cadeira simples e dobrável ao texturizar encosto e assento com ‘colméias’, batizando-a de "Honeycomb" para Kartell.
Genial o nome “Spider Woman” da cadeira de Louise Campbell para a dinamarquesa Hay. Já William Sawaya ‘tramou’ na estampa do tecido da sua cadeira “Allwood”.
Ah... ainda não tinha me referido aos suiços Herzog e de Meuron (minha paixão – arquitetônica, bien sûr - como todos já sabem!). Eles são exemplos ‘mais-que-perfeitos’ desta filosofia, à qual aliaram simbolismo ao projetarem no Japão. (Conheçam esta divina construção em Tóquio veste Prada)
Amarrações estruturais nos vidros côncavos e convexos da loja Prada de Herzog e de Meuron, e “Anemone” de Heath Nash para a Artecnica
Bem, eles não estão sozinhos nesta empreitada: Rem Koolhass na CCTV para as Olimpíadas de Pequim empregou diagonais na fachada de brilhos; Norman Foster concebeu a trama da cobertura na reforma do “British Museum” em Londres; Massimiliano Fuksas usou o mesmo recurso na Fiera di Milano; mas sem dúvida, o projeto mais representativo é do Coop Himmelb(l)au em Munique: a BMW Welt (vende o quê mesmo?)
CAPITONNÉS
Desenhos de losangos pespontados no couro nos remontam aos sofás ingleses Chesterfield, do final do séc. XVIII. Agora eles estão de volta com novas roupagens. O preto e branco foi constante nesta Feira, mesmo quando o modelo também era oferecido em diversas tonalidades.
“Lavenham” de Patricia Urquiola para De Padova presta homenagem à cidade inglesa Suffolk onde o “diamond quilt”, que inspirou o design da cadeira, foi criado. Sua aparência tradicional contrasta com o uso de novos materiais – o assento e encosto foram executados em material plástico para maior resistência, possibilitando também que ela fosse empilhável.
Tridimensionais são os joguinhos-diamantes que enriquecem a modelagem simples da cadeira “Shadow Play” de Jitan V Patel da finlandesa Kokoom.
Interessante, não? Querem dar um giro pela Feira? Que tal então uma carona para a DICA Fiera di Milano e o BLOG Tem fuxico no ar? Entrem nesta festa...enquanto recordam as FRENÉTICAS cantando Dancin' Days! "E leve com você Seu sonho mais lou ou ou ou louco!"
Novo Lexus - será que lançarão também Nexus e Sexus?**
Nota: Permanecem os retrôs (principalmente da déc.30 da Artek - medo dos preços da concorrência chinesa?); os plásticos e suas transparências, agora texturizadas, em busca de um aspecto mais artesanal (dentro do conceito GLOCAL , introduzido pelos Campana); os lúdicos, influenciados pelos art toys; os transformáveis. A escala do mobiliário é que diminuiu, existindo uma preocupação gradativa com os pequenos espaços.
* No subtítulo, homenageamos novamente nosso James Bond favorito: Sean Connery. Vejam também em Sul, MovelSul sua foto que mantemos na nossa porta dos "Projetos Secretos".
** A Crucificação Encarnada é considerada uma obra-prima de Henry Miller em 3 volumes: Sexus, Plexus e Nexus, textos autobiográficos que compreendem o período da vida do autor entre seu 1º divórcio e sua partida para a França. |