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Novas Divas do Cinema
Por Ignez Ferraz
Cinema at friday nights


Todas as sextas-feiras acordo ansiosa para selecionar um dos novos filmes da tela grande que assistirei pós-expediente. Em Botafogo encontro ótimas opções como o Espaço Sesc-Rio e o Estação Botafogo na “Voluntários da Pátria” ou ainda o Unibanco Arteplex na “Praia de Botafogo”.
Compilei minhas últimas notas sobre as películas que ainda estão em cartaz no circuito e as transcrevo, não sem perceber que as personagens femininas estão em alta.


Ah, essas mulheres maravilhosas e seus rostos expressivos...



A enigmática Hiam Abbass (também conhecida como Hiam Abbas, ou Hiyam Abbas) é o nome (e rosto) do momento quando se trata do conflito árabe-israelense - ela própria uma palestina nascida em Israel.


“Lemon Tree” de Eran Riklis foi premiado no Festival de Berlim em 2008, mesmo ano em que o júri do Festival concedeu o Urso de Ouro ao brasileiro "Tropa de elite". Mas o público da seção Panorama do mesmo festival preferiu entregar seu troféu a um filme diferente. Eran também dirigiu sua protagonista, Hiam Abbass, em “A noiva síria” (2004), filme bastante premiado, assim como outros filmes que a fizeram ficar conhecida: “Paradise Now” (Hany Abu-Assad, 2005), “Free Zone” (Amos Gitai, 2005, estrelado pela linda Natalie Portman), além de um pequeno papel em “Munique” do Steven Spielberg.


Como se não bastassem todas as suas qualidades, o tema-canção é...exatamente a que vocês lembraram:
“Lemon tree very pretty and the lemon flower is sweet
but the fruit of the poor lemon is impossible to eat”

Peter, Paul and Mary, 1962
Uma delícia, não?


“Evening” (“Ao entardecer”, dirigido por Lajos Koltai) exibe contornos singelos, roteiro bem estruturado (Michael Cunningham do maravilhoso “As horas”) e artistas estupendas como Claire Daines, Vanessa Redgrave, Glenn Close e Meryl Streep, que rouba a cena nos seus menos de 'quinze minutos'.



Vanessa Redgrave e Meryl Streep na cena mais memorável de “Ao entardecer”


Enterneçam-se também com “Longe dela” (direção e roteiro de Sarah Polley), que (re)trata com leveza e cuidado um tema penoso.



A ainda bela atriz britânica Julie Christie foi candidata ao Oscar 2008 pela sua maravilhosa performance de uma portadora de alzheimer em “Away from her”



Julie Christie em dois dos meus filmes favoritos: como Lara (Dr.Jivago de David Lean - 1965) e Clarisse (Fahrenheit 451 do Truffaut - 1966)


“Do outro lado” (”Auf Der Anderen Seite”) é delicadamente triste ao abordar amores e desencontros familiares num vai-e-vem entre Alemanha e Turquia. Fiquei comovida ao rever a atriz germânica Hanna Schygulla (conhecida por “Lilli Marlene” ou “Lili Marleen”, clássica refilmagem de Rainer Fassbinder em 1980) e conhecer outra faceta de Istambul.



Hanna Schygulla no “Casamento de Maria Braun”, mais uma das suas cooperações com Fassbinder (1979)


As músicas me remeteram ao ótimo filme “O som de Istambul”, também do diretor turco-alemão Fatih Akin, que teve este trabalho mais uma vez louvado. Após o prêmio de “melhor roteiro” em Cannes 2007, recebeu em 2008 quatro Lolas da Academia Alemã de Cinema: melhor filme, direção, roteiro e edição. Fatih ficou conhecido mundialmente em 2000, após o Urso de Ouro para “Contra a parede”.


Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver "A Banda"
...
Comédia étnica IM-PER-DÍ-VEL sobre uma banda egípcia que aporta (erradamente) num pequeno vilarejo israelense. O final apoteótico quando a Banda finalmente mostra seu potencial, encerra o filme com chave de ouro musical. E que interessante é a música árabe!



O diretor Eran Kolirin ganhou oito prêmios da Academia Israelense em 2007, inclusive melhor filme, roteiro, direção e para os protagonistas Sasson Gabai e a interessante Ronit Elkabetz.


“Quem acreditou
No amor, no sorriso, na flor
Então sonhou, sonhou...
.......................

E a própria dor
Revelou o caminho do amor
E a tristeza acabou”



“Meditação”, do Tom Jobim e Newton Mendonça, música-tema do filme “Onde andará Dulce Veiga” não me sai mais da cabeça. Tenho a versão do Caetano, mas agora vou correr atrás de todas as outras existentes no mercado como a do João Gilberto.



Maitê Proença e Carolina Dieckman (mãe e filha na película) cantam “Meditação” em ritmos antagônicos


“Sei que é preciso sonhar”, já escrevia o sábio Thiago de Mello, no seu poema “Sonho domado”: “Quem não sonha o azul do vôo perde o seu poder de pássaro”.


Outro filme cujas músicas ecoam alto pela tela grande (abre com “Sons of” de Scott Walker) é “Flashbacks of a fool” (mais apropriado do que sua tradução “Reflexos da Inocência”) do estreante Baillie Walsh, também responsável pelo roteiro. Ângulos inusitados e closes narram a história que transcorre entre Malibu atual e o interior da Inglaterra nos memoráveis anos 70. Mas a cena que mais me marcou foi a da intensa e jovem atriz britânica Felicity Jones, dublando (vestida “à caráter”, numa mistura de David Bowie e Bryan Ferry) "If There Is Something" do pop e bizarro conjunto Roxy Music.



“Shake your hair girl with your ponytail
Takes me right back (when you were young)”, dubla Felicity Jones nos minutos que marcaram(ão) a história do filme.



Em câmera lenta, a tomada é quase tão memorável quanto a antológica dança de John Travolta (adoro ele!) e Uma Thurman em Pulp Fiction, ainda o melhor Tarantino.


E por falar em mímica...


“Meu irmão é filho único” não chega a ser um grande filme. Mas me inebria ascoltar italiano. Lembro-me de 1964, quando imitava Rita Pavone cantando “Dateme un martello” segurando uma tomada como se fosse microfone. Seguiu-se a fase “Cin Cin” (Richard Anthony) “Roberta”, (Peppino di Capri) e “Sapore di Sale” (Gino Paoli) para terminar com “Il Mondo”, quando Jimmy Fontana venceu o Festival Internacional da Canção e eu fui das poucas a vibrar no Maracãnazinho (1968).
Só voltei a me interessar pela língua na Faculdade, ao retornar de uma viagem à Itália e me apaixonar por Florença. Matriculei-me na Casa d'Italia e aprendi a parlare italiano.



Rita Pavone foi a cantora italiana com carreira internacional mais bem sucedida, tendo vendido mais de 35 milhões de discos em todo o mundo, cantando em italiano, inglês, alemão, espanhol e francês.


Rita, "Come Te Non C'é Nessuno", a torno minha homenageada hoje.
 
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