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Libeskind, Gehry, Nouvel – EXCESSOS? |
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Por Ignez Ferraz |
Estive recentemente em Dusseldorf e NY onde pude constatar obras de renomados arquitetos, cujos projetos almejam serem ícones nas cidades onde são implantados.
DECEPÇÃO. O exagero de formas, o mix de materiais, o excesso de detalhes e informações, não agregam, confundem.
Daniel Libeskind ( autor do polêmico, porém genial, Museu Judaico em Berlim, e do simples e maravilhoso Ground Zero em Manhattan), apresenta na charmosa Düsseldorf seu mais novo projeto, concluído em 2013: o Centro Comercial em Kö-Bogen, no final da chique Königsalle (considerada a Champs- Elysée da cidade, com um gracioso apelido: KÖ).
São 6 andares em dois blocos, unidos pelo telhado, formando um espaço contínuo, onde funciona um complexo de lojas, escritórios, restaurantes. Mármores e vidros se alternam em todas as fachadas num dueto vertical frenético, uma geometria de retas ou curvas côncavas e convexas. Os rasgos nas fachadas (que se iluminam à noite) projetados para plantas exuberantes, são ocupados por galhos raquíticos já que o inverno não perdoa.
No meio, rua para pedestres que liga a Schadowplatz (com sua charmosa Feirinha de Natal) e o Hofgarten, um dos seus inúmeros parques, alcançável através de uma pequena ponte.
É também nesta mesma cidade que Frank Gehry (autor do magistral Museu de Bilbao, que mudou o ritmo da pequena cidade espanhola) construiu em 1999 um ‘marco’: três conjuntos de edificações em Medienhafen, onde também encontramos a ponte Kniebrück, o Parlamento, a Torre do Reno e novos edifícios no Porto. Os dois conjuntos - branco e marron - são intermediados por outro, cujo revestimento nos remete a um papel laminado. Tortuosos, mas nada comparável ao instigante “Ginger e Fred” em Praga.
As janelas pivotantes, mesmo gênero do DZ Bank em Pariser Platz de Berlim (construído entre 1996 e 2001, portanto no mesmo período) não causam tanto impacto, talvez pelas inúmeras repetições. Já o IAC Building – ou o prédio iceberg – edifício de escritórios finalizado em 2007, localiza-se em Chelsea (18th St X 11 Ave, em frente ao Hudson River). Segue a mesma linha de volumes do antecessor, porém com outro tipo de esquadria e acabamento – totalmente envidraçado e fortemente iluminado à noite.
A seu lado encontramos uma edificação de apartamentos residenciais com 23 andares de Jean Nouvel, cujo projeto imbatível ainda é do Instituto do Mundo Árabe em Paris .
À primeira vista não chama muita atenção, por ser bem mais discreto do que o do Gehry. Ao nos aproximarmos notamos milhares de esquadrias de alumínio diferenciadas, num jogo plástico aparentemente interessante, mas pouco funcional, tanto para quem executou (elevando obviamente o preço – U$ 6 milhões, atrasando em 2 anos a construção - mas nada comparado com os superfaturamento das obras no Brasil!), ou para o residente interno. Algumas delas saem da fachada como um bric-à-brac.
O mais interessante, porém, é o atrium, com diversos jardins suspensos. Infelizmente não pude entrar para conferir se estavam bem tratados. Plantas são moedas de duas faces: quando belas aquecem e enriquecem os ambientes. Do contrário, inutilizam-no.
Também by Gehry, o impactante New York em Downtown de 2011 é o maior prédio residencial dos EUA, com 86 andares, e aspecto derretido em aço, com suas formas ondulantes e assimétricas. Gosto bastante.
A complexidade do edifício projetado por Gehry (à dir.) contrasta com a simplicidade de uma das edificações do Ground Zero (à esq.)
Esquadrias diferenciadas parecem ser o novo must nestes projetos, talvez para marcar um contraponto das caixas de vidro do modernismo e seu “Less is MORE” (Mies), também presentes na cidade (Lever House, Seagram Building).
Gehry e Nouvel – batalha pelas esquadriais mais intrigantes / instigantes? |
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