Ignez Ferraz, arquitetura & design  
     
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Tóquio veste Prada e outras Flagships
Por Ignez Ferraz
A partir da década de 90 o culto ao estilista e sua marca tornou-se um fenômeno global. Na medida em que um maior número de arquitetos e artistas de nome internacional começou a colaborar com os estilistas, a fronteira entre estabelecimento comercial, arte e arquitetura ficou cada vez mais difusa.
A partir daí, a Arquitetura da Moda (estética e conceito de forma e espaço) foi reestruturada.



Não há dúvida que a nova PRADA em Omotesando antecipa o futuro. Os arquitetos Jacques Herzog e Pierre de Meuron (nota 2) presentearam a cidade com um edifício emblemático, destacando-se do comum neste país e seus pequenos espaços públicos. O conglomerado PRADA comporta 100 lojas, sendo que a de Nova York (com projeto surpreendente de Rem Koolhaas) alcança 2.000 m².


O estilista e o arquiteto têm uma linguagem em comum: tecido da roupa/ “pele” do edifício; a estrutura, a construção, o modelo, os materiais, os acabamentos, os detalhes, a decoração...


Gianfranco Ferré, único estilista que também é arquiteto, afirma:
“A Arquitetura é uma disciplina situada delicadamente no meio do caminho entre o talento criativo e o método,
entre a invenção e a lógica.”



As novas lojas se destacam das boutiques das décadas anteriores, principalmente pelo seu tamanho: numérico e físico.
Londres (Bond Street), Milão (Via Montenapoleone), Nova York (Madison Avenue), Paris (Avenue Montaigne) e ... Tóquio (Omotesando)! Estas são as capitais (e suas principais avenidas) do reino da Moda, onde se encontram as melhores lojas de roupas, que seduzem pelo seu estilo e design. (nota 1)


Tóquio oferece três setores de destaque para desfilar sua moda internacional: o bairro de Ginza, o complexo Roppongi Hills e a Av.Omotesando, espécie de Champs Elysées nipônico.


No Japão, os arquitetos gostam de criar a ilusão de que o edifício está “envolto” (tsutsumu) ou “atado” (musubu), o que, segundo suas crenças, significa demarcar um espaço como especial ou sagrado.



A PRADA Epicentro é “amarrada” com cordas de aço, que formam uma trama quadrangular de vidros planos, côncavos e convexos nas fachadas, onde nenhum lado é do mesmo tamanho. As portas de entrada acompanham a angulação. Esta trama, além de agradar aos nipônicos pelo seu "envolvimento", auxilia a evitar danos no edifício, já que em Tóquio ocorrem, em média, três pequenos terremotos por dia.



Pelo lado de fora, vê-se claramente as escadas, mobiliário e clientes, deformados pelos efeitos dos vidros.
Reparem a elegância dos bancos externos.




Seu interior é todo em branco e creme, como nas baixas mesas expositoras de fibra de vidro gelatinosa, iluminadas por dentro.


Quanto ao uso da “pele” como invólucro, temos alguns bons exemplos:


Renzo Piano (autor do “Centro Pompidou” com Richard Rogers) projetou a HERMÈS de Ginza, compondo na fachada 13.000 blocos de vidro (os da esquina são em menores dimensões para se adaptar à curva) “soltos” da sua estrutura metálica.



A construção impressiona à noite, onde todo seu interior (invisível durante o dia) brilha através dos blocos translúcidos.



O interior da loja reflete o estilo clássico da Maison, onde nenhuma peça encosta nos tijolos de vidro.


Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa (conhecidos como SANAA) foram os arquitetos encarregados do novo edifício feminino e elegante para a DIOR Omotesando.



A fachada é uma capa de acrílico termoformatado com cortinas internas, para produzir um efeito de tecido. Sua metáfora arquitetônica foi inspirada nos trajes de festa de John Galliano (atual diretor da firma e que a transformou em marca desejável), com faixas de tule “atando-o” a cada pavimento.


A tática da silenciosa Rei Kawakubo, idealizadora da COMME DES GARÇONS, para o seu conceito de “loja-guerrilha” (com previsão de mudanças anuais), é se associar a arquitetos locais, que conheçam melhor sua cidade. Esta estilista, responsável pelo domínio da roupa preta na década de 80, também desenha mobiliário, como seus prismas retangulares vazados que, além de assentos, podem expor sapatos e camisas empilhadas. (Este ano as masculinas são sempre em padrões azuis, como previsto no nosso artigo “Tendências verão 2007”).



Criativo, Takao Kawasaki, o constante colaborador de Rei, mais uma vez surpreende com sua fachada de cristal ondulado e manchas azuis em Omotesando.
Nesta loja, os diversos ambientes são divididos por paredes curvas brancas. O mobiliário em diversos tons é menos ousado do que o “vermelho laca” da loja de Paris (idealizada pelos jovens da KRD), que contém até uma sala de meditação - onde nada se vende – decorada apenas com tamboretes quadrados que se movimentam.



A colossal firma LOUIS VUITTON possui 300 estabelecimentos espalhados por 50 países. Só nestas áreas principais de Tóquio eu visitei quatro – duas em Ginza, uma em Omotesando (a única que não utiliza o conceito de “pele”, mas de “cheios e vazios”, também encontrados na Coach, Armani e Max Mara) e a minha eleita, a de Roppongi Hills.



Jun Aoki projetou para esta unidade (9 pavimentos em mais de 1000 m²) uma parede dupla inserida com 28.000 tubos de cristal (10cm de diâmetro e 30cm de extensão) que captam as luzes e cores e as modificam sutilmente através da refração.



A “divisória-membrana” de aros de aço inox com a logomarca da firma vem se tornando uma constante, como o recente projeto no Champs-Elysées, que, no entanto, não tem o acuro visual desta. (Anotem a observação em “Arte de Paris em ebulição”).


Nota 1: Tive a sorte de visitar dois projetos que foram de extrema importância na evolução da Arquitetura da Moda (ambos, claro, em Londres, cidade pioneira neste setor):
- As lojas Joseph, criadas por Eva Jiricna, estabeleceram novos parâmetros, transformando as concepções artesanais em high tech.
Na loja da Sloane St., 1989, sua escada com degraus de vidro e suportes metálicos tornou-se um ícone de impacto até hoje.
- Para Katherine Hamnett, em 1987, o sempre presente Norman Foster (conheçam seus recentes projetos em “Novíssima Arquitetura de Londres”) concebeu um espaço livre todo branco, como um salão de dança, interligado à Brompton Road através de passarela de vidro. Infelizmente, quando fui revê-la, havia se transformado num (bom) restaurante, e, posteriormente num bar muy loco.


Nota 2: À medida que se fundem as fronteiras entre moda, arte e arquitetura, seus projetistas se tornam interdisciplinares como Herzog & de Meuron (leiam o artigo “Profissão: Arquiteto – INSISTA!” para conhecer sua obra-artística para uma vinícula), que, além da loja PRADA, conceberam a Tate Modern e o Estádio Olímpico de Pequim. (Antecipem este estudo em “PEQUIM: Ruptura”).
Os arquitetos consideram que o projeto da PRADA foi um laboratório para o Estádio.


P.S.:Uniforme feminino do outono em Tóquio: botas de cano longo com pouco salto, sempre em marrom ou preto; saias leves e amplas (logo acima dos joelhos), com bordados ou estampas discretas - para as mais novas, bermudas "secas" no mesmo comprimento; blazer curto, com acabamento arredondado (nunca da mesma cor da saia!), sobre blusas de malha - ambos lisos em tons neutros. Charme total!


A nova cor que domina as lojas como Valentino e Max Mara: o mushroom- sozinho ou acompanhado do eterno chic preto, como nas belas vitrines Dolce & Gabbana. São os chamados neo neutros.
As enormes bolsas Prada acompanham a tendência. Para a noite, as pochetes permanecem. Sempre utilizadas com alças longas, transpassadas ao corpo. Adorei, porque sempre usei as minhas "noturnas" deste modo.


Ainda resistentes no outono os detalhes em rendas e muitas peles. Bordados também valem, principalmente nos acabamentos de casaquinhos transpassados. Quase sempre em pérolas, que também não desgrudam dos pescoços, já que as cultivam com qualidade, como na famosa Mikimoto. Sua loja mais conceituada se localiza em Ginza, projeto do badalado Toyo Ito, também autor da inspirada TOD's de Omotesando (veja detalhes em NU-LUX )

Os japoneses são "pra lá" de chiques. Os homens portam terno no dia-a-dia, e as mulheres são capazes de ir ao parque Ueno compostas com escarpin de salto alto e meias de nylon, num look total black.


Leiam também o ARTIGO:
Tokyo Cult


E-mails recebidos


Está bárbaro o artigo "Toquio veste Prada". Sensacional! Fiquei deslumbrada pelos projetos. Parabéns pelo conteúdo. Bjos da cunhada que é sua fã, Bia (Beatriz Novaes)


VC SURPREENDENDO AMIGA...
BJ
Lilian Vieira


Ignez, que lindo e que luxo!
Você deve ter adorado conhecer aqueles lugares maravilhosos.
Até breve,
Márcia Cabral de Menezes


Oi Ignez, ficou ÓTIMO!
Parabéns pelo texto, vc pegou os carros chefes...
Temos que nos encontrar para trocarmos figurinhas, me deu aquela saudade de Tokyo...
bjs Marcia Jardim


Adorei! Chic demais.
Bj,
Sol(Solange Casotti)


E aí, Ignez? Vale mesmo ir para aquelas bandas? Estou planejando Tóquio para o ano que vem. Depois te falo.
Beijins /iesa (Iesa Rodrigues)


Ignez, "Tóquio veste Prada" me interessa muito. Você teria essas e outras fotos em alta resolução? Eu pediria para uma repórter do Ela entrar em contato por telefone na semana que vem, vocês conversariam a partir do que você escreveu no site e faríamos uma bela reportagem. Você topa?
Ana Cristina Reis


Adorei!
Achei demais!
Beijos,
Odete Levenhagen


Ignez, estou adorando fazer parte desse fórum. Você está se tornando uma fonte importante de consulta em arte e lazer. Que capacidade de associar arquitetura a assuntos variados e tão bem escritos. A leitura é agradabilíssima e as imagens excelentes.
O site todo é de alta qualidade.
Parabéns, welcome to Rio
Muitos beijos, Regina Helena (Volare)
 
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