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Libeskind entre Linhas
Por Tabitha von Krüger
Em um mundo de muitas palavras e poucas ações, Daniel Libeskind se destaca tanto por seu belo discurso quanto por seu sensível gesto.





"Ever since I began architecture, I had an abhorrence to conventional architecture offices. There was something about the atmosphere of redundancy, routine and production that made me allergic to all forms of specialization and so-called professionalism. Ten years ago we founded our office in Berlin as a result of a decision, an accident, a rumor on the street and began an unimaginable journey down a path on which we are still traveling."
Daniel Libeskind: The Space of Encounter.



Inicialmente trilhou sua carreira estudando música em Israel, completando sua formação em Nova Iorque, onde se tornou um pianista virtuoso. Aos 19 anos trocou a música pela arquitetura, ingressando na Cooper Union for the Advancement of Science and Art New York City. Mas se “arquitetura é música congelada” (Goethe) ou se "música é arquitetura que fala” (Yannis Xenakis), talvez não tenha sido um abandono, mas sim uma evolução do talento musical em arquitetura.


Libeskind, que teve como seu primeiro grande projeto o Museu Judaico em Berlim (leia mais sobre esta obra em “Fortaleza das Sensações” ), é conhecido por sua prática multidisciplinar, abrangendo desde cenários para teatro a projetos em escala urbana.





Na produção da ópera “São Francisco de Assis” de Olivier Messiaen, pela Deutsche Oper Berlin em 2002, Daniel Libeskind foi responsável pela concepção do cenário e indumentária.


Nascido judeu em uma Polônia da pós-guerra, migrou com sua família para Israel quando tinha 11 anos, e, dois anos mais tarde, para os Estados Unidos.





Sua experiência como imigrante o inspirou para o projeto “Ground Zero” (Torres Gêmeas), muitos anos depois - vejam mais informações no artigo Museus de Nova York.


Neste projeto, a sensibilidade do arquiteto extrapola o sítio, e se refere à memória. No local onde estavam as Torres Gêmeas, havia mais detritos emocionais que físicos, detroços de vidas mais do que de construção.





O memorial às vítimas do atentado preserva o local das torres não edificado, constituindo uma praça. No dia 11 de setembro, um raio de sol passa por entre os prédios e atinge a praça às 8:46h, marcando a hora em que o primeiro avião atingiu as torres, até 10:28h, quando a segunda torre foi ao chão.


Essas duas atitudes permeiam toda a obra de Daniel Libeskind : a preocupação com o “espírito do local”, único em cada sítio (conceito de site specific, como nas artes), e a exploração da linha como entidade criadora.


O Museu Judaico é também chamado “Between The Lines” pela relação entre a linha tortuosa, que compõe o corpo do museu, e a linha reta imaterial, representando o vazio, a perda da cultura judaica em Berlim que nunca mais será recuperada.





Nenhuma dessas duas linhas pode ser percebida em sua totalidade pelo visitante, pois os três Eixos de circulação (holocausto, exílio e continuidade) não coincidem completamente com o corpo da superfície.


Esta forte relação da linha com o sítio é percebida ainda com mais clareza no museu dedicado ao pintor judeu Felix Nussbaum, na cidade de Osnabrück, também na Alemanha. Durante as escavações para a construção foi descoberta uma antiga ponte enterrada, mas que se encontrava em perfeito alinhamento com o traçado do projeto. Esta sintonia surpreendente, mas não gratuita, demonstrou entendimento do terreno em sua imaterialidade (e não as habilidades mediúnicas que lhe foram atribuídas após esta descoberta).





“Which came first? Chronologicaly, certainly the 300 year old bridge came before the Nussbaum lines where draw. At the same time one can say that the lines were always already drawn.”


O Museu Imperial da Guerra, em Manchester, expõe os conflitos que moldaram o século XX e aqueles que continuarão a determinar o futuro da humanidade. Assim como em Berlim, o interior desta obra reflete a “alma” do projeto, também sendo o foco da exposição.
Segundo Paul Valery, “two dangers constantly threaten the world: order and disorder”. Inspirado por esta afirmação, o museu transita por estes dois pólos, deixando as conclusões a cargo do visitante.





Colocando lado a lado os grandes regimes totalitários de esquerda e direita, repressão e anarquia, as contradições da querra ficam menos latentes.


Em um dos seus mais recentes projetos, a nova fachada da sede da Hyundai em Seul, chamado “Tangent”, o arquiteto explora a relação entre o círculo representando a natureza em constante mutação, e a linha reta do avanço tecnológico.





Surpreendentemente similar à forma utilizada na maquete para o projeto “City Edge” de 1987 para Tiergarten, em Berlim.





Maquete para o concurso. O projeto consistia em uma edificação maciça que se elevava do solo para permitir sua transposição, uma alegoria inversa ao Muro de Berlim, uma linha que separava, ao invés de unir.


Talvez o círculo de Libeskind represente, mais do que um movimento, a própria evolução, sem começo conhecido ou fim determinado, a reinvenção da vida.


Tabitha von Krüger visitou Berlim, é apaixonada pela obra de Daniel Libeskind, além de ser meu "braço-direito". Querem saber como conseguiu o cargo? Com CR acima de 9, domínio absoluto dos programas computacionais e, principalmente, amando Drummond tanto quanto eu. Quem se habilita?
 
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